sábado, 24 de novembro de 2012

O significado da distância...

Incrivelmente, esta semana estive pensando sobre o que realmente significa a distância. No meu tempo de infância e adolescência, distância era morar no Rio de Janeiro e ter familiares em Santa Catarina ou no Rio Grande do Sul. Telefonar, naquela época não tão longínqua, era caro demais. Viajar com a facilidade de hoje em dia nem ao menos existia... Tudo era caro demais e não havia tantas condições de pagamento. As passagens de avião eram para quem tinha dinheiro e os ônibus eram a forma mais barata para diminuir a distância...


Naquele tempo, distância era sentir saudade, mandar cartas (nossa, a gente ficava na agonia de receber ou não a resposta) e um telegrama pelos Correios (tipo de correspondência que era enviada praticamente em tempo real) e receber um telefonema - ou telefonar - do orelhão - seja com ficha ou cartão. Muitos dos jovens de hoje nem sabem mexer nisso!!! Meus filhos não sabem...
Hoje, mesmo com as facilidades do mundo virtual, acabamos nos distanciando de pessoas especiais, que fizeram parte da nossa vida, que um dia estiveram pertinho. Com a internet, as redes sociais, o mundo virtual e globalizado, onde tudo o que acontece agora é notícia agora - o tempo real, muitas vezes nos fechamos num mundo rotineiro e esquecemos do resto. Das pessoas que um dia ajudaram a formar o que somos hoje. E isso, para mim, é a verdadeira distância...
Existe, hoje em dia, a desculpa da falta de tempo. "Não tive tempo de responder aos e-mails", "não consegui telefonar no seu aniversário"... Uma vergonha... Convenhamos, também dou estas desculpas esfarrapadas... E muitas vezes o que aquele amigo de dez anos atrás mais quer é saber que é lembrado.
Devido a uma notícia ruim, do falecimento de um grande amigo da nossa família no passado, entrei em contato com um amigo distante, que há quase dez anos não conversava, para dar as condolências. Senti, em sua voz, não apenas a tristeza pela morte de seu pai, mas também a felicidade de ouvir a minha voz e ao mesmo tempo saber que eu - e minha família - não havíamos esquecido deles, por mais distante que estejamos. Depois de desligar, pensei profundamente sobre as coisas que deixamos de fazer porque teremos tempo "amanhã"... Mas será que vale a pena deixar de fazer o que queremos, de ligar para aquele amigo, de lembrar de uma pessoa importante
Por mais que tenhamos um mundo virtual e infinitas possibilidades de encontrar as pessoas, não o fazemos por egoísmo ou por achar que a pessoa não vai estar nem aí para a gente. Mas o que importa é o que a gente sente e, se a vontade é diminuir a distância do passado, seja em uma visita, em um telefonema ou mensagem por e-mail, não vale a pena deixar para outro dia... Pode ser tarde demais!

* Para a família de Renato Bittencourt (in memorian), do Rio de Janeiro, que apesar da distância sempre foi muito bem lembrada por todos nós - e com saudades.

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