Passei - e não tenho vergonha de contar - pelas fases do luto. São cinco: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Ainda estou na quarta, que não ocorrem necessariamente nesta ordem, segundo especialistas.
Aí veio com força a revolta. Depois de dois meses sem beber álcool, fiquei p... da vida com o que aconteceu e disse que iria tomar um porre (ou dois, ou três, ou quatro) e que não iria mais cuidar de alimentação, nem da saúde, porque não iria adiantar mesmo. "Já perdi o que tinha que perder, agora que se fo...", era o que eu falava. Essa etapa durou mais tempo que as outras, confesso. Demorou, mas acabou passando...
A depressão, então, me pegou de jeito. Não tinha vontade de comer, de sair da cama ou do sofá, de conversar. Nada. Nada me fazia sentir melhor. Só queria ficar sozinha, imersa aos meus pensamentos e sentimentos de dor. Foi uma fase curta, porém intensa, sofrida, só.
Quando saí da depressão, veio a aceitação. "Não era pra ser...", "era algo que eu tinha que passar",
"foi melhor para mim e para o bebê, que poderia ter problemas", entre outros, eram as frases que mais vinham à mente nesta fase de aceitação. Inclusive, é a etapa mais leve, branda, de uma sensação de calmaria.
Só não passei (ainda) pela barganha e esta, creio eu, será quando eu realmente decidir se quero engravidar novamente. Penso que virão aqueles pedidos/promessas: "se eu engravidar, vou ser melhor...", "se eu tiver outro filho, vou..." e por aí vai.
A dor vai embora aos poucos, mas na cabeça ainda ficam dúvidas e no coração marcas. Ainda dói muito quando perguntam "e o bebê?" ou dizem "e aí, mamãe, como está a gravidez?". Sim, porque mesmo depois de três meses os desavisados me pegam de surpresa. Isso aconteceu no meu trabalho e num clube de serviço que participo.
E quando isso acontece é como se eu levasse uma lambada, um tapa na cara! Dói demais. E dói mais ainda ter que dar respostas de como estou, como foi, se quero tentar novamente, sem contas as histórias: "conheço fulana que perdeu o primeiro, tentou de novo e perdeu; depois conseguiu". Ah, foram tantos os casos que contaram que chego a ficar meio confusa do que quero realmente.
Enfim, o tempo cura tudo, já dizia a minha avó, minha bisavó e minha tataravó. O jeito é esperar e deixar a vida seguir... :)
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